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Brasil perdeu mais de 1 milhão de doses de vacina, diz Sputnik

Perdas superam o total tolerado no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação.  

Doses da vacina da Oxford/AstraZeneca enviadas ao Rio Grande do Sul em 24 de fevereiro 2021.
Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini/Fotos Públicas

Por Crítica21
24/03/2021

Além do atraso na vacinação, o Brasil ainda tem mais um problema que impacta diretamente no controle da pandemia da covid-19. Segundo reportagem da Sputnik Brasil, publicada nesta quarta-feira (24) em seu site, o país já perdeu 1,16 milhão de doses de vacina – correspondente a 7,45% do total aplicado, acima dos 5% previstos no Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a covid-19. 

Conforme o Plano Nacional, tanto para a CoronaVac como para a Oxford/AstraZeneca, a "estratégia de esquema de vacinação” previa “perda operacional de 5% (com revisão continuada em tempo real)". Segundo a Sputnik Brasil, o ministério não informou a quantidade de doses perdidas, mas, tomando por base o total de doses aplicadas, esse número é de 1.160.030. Essa quantidade seria suficiente para vacinar toda a população de Florianópolis e mais a de Cuiabá. 

Até a tarde de quarta-feira (24), o sistema do Ministério da Saúde indicava que 11.745.220 pessoas tinham tomado pelo menos a primeira dose da vacina, enquanto 3.721.856 brasileiros receberam as duas doses, totalizando 15.467.076 doses aplicadas. 

Após o presidente Jair Bolsonaro sabotar as vacinas, o país começou a imunizar a população com atraso e conseguiu uma quantidade baixa de doses. A imunização iniciou em 17 de janeiro com 6 milhões de doses da CoronaVac. Na sequência, foram recebidas mais 2 milhões de doses da vacina da AstraZeneca. A população brasileira é de 210 milhões de habitantes e, até agora, cerca de 2% recebeu a segunda da dose.

Idosa é imunizada em Uberaba-MG. Foto: André Santos/PMU/via Fotos Públicas

Perdas

Há dois tipos de perdas operacionais de vacinas, explica a reportagem de Denis Kuck. Uma delas ocorre quando um frasco com doses é aberto para aplicação em um indivíduo, mas, ao final de determinado período, nem todas as doses foram aplicadas e expira a validade da vacina, que precisa ser descartada. O prazo para uso da CoronaVac é de oito horas, e da Oxford/AstraZeneca, de seis. 

No início da campanha da imunização contra o coronavírus no Brasil, que obedece a escalonamento por grupos etários, surgiram denúncias de perdas técnicas em algumas unidades. Sob pressão, Secretarias e Ministério da Saúde reforçaram que, ao final do expediente do dia da vacinação, doses ainda disponíveis em frascos abertos deveriam ser usadas em pessoas de outros grupos.  

O outro tipo de perda é a física, que ocorre por motivos como quebra do frasco, falta de energia, procedimento inadequado, falha de transporte, problemas de armazenamento, entre outros.    

Lote de vacinas recebido por Manaus-AM em fevereiro. Foto: Marcely Gomes/Semcom/via Fotos Públicas

A reportagem da Sputnik Brasil ainda destaca que o índice de 7,45% de perdas pode não corresponder à realidade nacional. A rastreabilidade das doses é feita por um mecanismo chamado SI-PNI (Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações), criado em 2012, mas que, segundo a ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI), Carla Domingues, nunca conseguiu ser totalmente implementado.  

"O ministério nunca conseguiu que os municípios implementassem esse sistema efetivamente, somente em alguns deles. Então não tínhamos essas informações em nível nacional. Seria fundamental, mas, infelizmente, nunca se conseguiu que se fizesse essa ação obrigatória, e que os municípios entendessem a importância disso", afirmou Carla, que esteve à frente do PNI de 2011 a 2019.  

Outras vacinas

Questionado pela Sputnik Brasil, o Ministério da Saúde não informou se a plataforma de gerenciamento de doses tinha sido implementada em todos os municípios brasileiros.  

A pasta disse ainda que a estimativa de perda de outras vacinas, "que poderão ser incorporadas ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), estão sendo analisadas".

O ministério também informou que, "para diminuir as perdas operacionais, os profissionais de saúde são orientados quanto ao manuseio adequado e aspiração correta das doses, além do monitoramento e controle logístico da vacinação do público-alvo".

Edição: Anderson Augusto de Zottis - Crítica21

Confira a reportagem completa:

Exclusivo: Brasil perdeu 1,16 milhão de doses de vacina, acima dos 5% previstos pelo governo 

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