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Saiba como a China apostou em cidades-esponja para prevenção contra enchentes

Estudo publicado na revista científica Elsevier analisou projetos desse tipo em diferentes cidades chinesas e indicou que os jardins de chuva melhoram o escoamento em cerca de 70%.
O maior parque-esponja de Shanghai: 'Céu Estrelado'. Foto: China Daily

15/05/2024


Há pouco menos de uma década, a China pôs em prática um projeto ambicioso para revolucionar suas cidades. A ideia era proteger suas populações dos riscos trazidos por enchentes, que se tornariam cada vez maiores por causa das mudanças climáticas 


Em 2015, os ministérios das Finanças, da Habitação e Desenvolvimento Urbano-Rural e o dos Recursos Hídricos da China identificaram 16 cidades onde implementar projetos-piloto de cidades-esponja. Nelas, o controle do escoamento das águas da chuva é bem maior, aumentando a capacidade de absorver, reter e liberar as águas da chuva quando necessário.


Isso ocorre por meio de medidas que vão desde a construção de estradas e calçadas com materiais permeáveis a telhados verdes e zonas de amortecimento (ou tampão) de vegetação. O concreto permeável pode reduzir o escoamento da água da chuva pela superfície, que ainda pode ser armazenada em reservatórios subterrâneos para ser descarregada em rios ou purificadas.


Os telhados verdes reduzem e purificam as águas da chuva. A água da chuva também pode ser coletada através de dutos. Já os jardins de chuva são áreas que, por serem rebaixadas e pela composição do solo e da vegetação, conseguem ter uma maior capacidade de retenção das águas pluviais.


Estudo publicado na revista científica Elsevier analisou projetos de cidades-esponja em diferentes cidades chinesas como Shanghai, Zhoushan, Suzhou Xi’an. A pesquisa indicou que os jardins de chuva melhoram o escoamento em cerca de 70%. 


Limitações

O Banco Mundial calculou em 2021 que 67% da população chinesa vivia em áreas propensas a inundações, em 640 cidades. O país determinou que até 2030, 80% das áreas urbanas sejam do tipo “esponja”, absorvendo e reutilizando 70% das águas das chuvas torrenciais. 


As trinta cidades escolhidas para implementar projetos desse tipo vão receber subsídios anuais de 400 milhões a 600 milhões de yuans (de R$ 282 milhões a 420 milhões).


No relatório de trabalho do governo apresentado pelo premiê Li Keqiang à Assembleia Nacional Popular em 2017, foi incluída a ideia como prioridade. O relatório propôs "iniciar a construção de mais de 2.000 quilômetros de corredores de tubulações subterrâneas urbanas, iniciar uma ação de três anos para eliminar as principais seções propensas a inundações em áreas urbanas e promover a construção de cidades-esponja", observou o primeiro-ministro Li Keqiang no relatório.


O arquiteto e paisagista Yu Kongjian, professor na Universidade de Pequim e uma das principais referências no assunto, disse ao Diário do Povo que a ideia é que os sistemas de drenagem projetados e os ecossistemas naturais se complementem. 


"Propomos construir um conjunto de infraestruturas verdes e utilizar sistemas-esponja naturais para resolver problemas que não podem ser resolvidos pela engenharia de redes de canos. Esta solução baseada na natureza é um pensamento sistêmico multiobjetivo, do qual a solução dos problemas hídricos é apenas um aspecto."


Edição: Rodrigo Durão Coelho - Brasil de Fato

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