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No Brasil e no mundo, um clamor por justiça e pela liberdade de Lula

No dia que marcou um ano da prisão política do ex-presidente, milhares de pessoas foram às ruas em sua defesa; maiores protestos ocorreram em São Paulo, Curitiba e Recife.

07/04/2019

De Caetés (PE), cidade-natal de Luiz Inácio Lula da Silva, a São Paulo (SP), Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG) e Rio de Janeiro (RJ), passando por ao menos 16 países e 17 capitais brasileiras, as ruas se encheram, neste domingo (7), de gritos e clamores por justiça e liberdade para o ex-presidente, preso há exatamente um ano em Curitiba (PR).

Manifestantes em Curitiba, em frente à Superintendência da PF, onde Lula está preso desde 7 de abril de 2018. Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula 

Ao todo, 32 atividades reuniram centenas de milhares de pessoas para não deixar passar em branco a perseguição judicial sofrida pelo ex-presidente. Em Curitiba, do lado de fora da carceragem da Polícia Federal, mais de 10 mil pessoas se juntaram para transmitir força e energia para Lula.

“É um ano que a gente vive esse massacre psicológico contra toda a família. E foi um ano muito difícil não só pela prisão, mas por todas as perdas de pessoas. A última, do Arthur, que foi o que mais mexeu a gente. E a gente fica pensando, como ele pode ficar sozinho, vivendo uma perda dessas? E é esse amor, esse calor, essa militância, que dá força pra ele e fortalece a família também”, disse ao Brasil de Fato a filha mais velha do ex-presidente, Lurian Lula da Silva, em Curitiba. 

Brasil de Fato traz aqui um resumo dos atos que tomaram o país e o mundo neste domingo:

São Paulo (SP)
A capital paulista reuniu, a partir das 14h, mais de 10 mil pessoas em ato convocado pela Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo. Em outro ponto da Avenida Paulista, uma pequena manifestação em apoio à Lava Jato acontecia, que terminou com uma militante pró-Lula agredida por manifestantes conservadores.

A capital paulista reuniu mais de 10 mil pessoas em defesa de Lula. Foto: reprodução

Para Renato Simões, membro da Executiva Nacional do PT, o ato marcou “um ano de uma injustiça tão atroz que ela não morre na memória das massas, na consciência da militância. Nós estamos diante de uma grande reação da sociedade civil e dos movimentos sociais que não aceitam a continuidade da injustiça.”

Vagner Freitas, presidente nacional da CUT, lembrou que “nós não estamos comemorando nada, nós estamos lembrando que o presidente Lula está preso injustamente, que ele é inocente e que está preso por defender os direitos dos trabalhadores. Por isso, estamos no Brasil inteiro nos manifestando contra essa injustiça extraordinária”.

Mesmo após uma hora e meia do final do ato, os manifestantes seguiam concentrados na Praça dos Ciclistas, cantando e entoando gritos que pediam a liberdade de Lula. Somente às 18h20 a avenida Paulista foi liberada e o ato dispersado.

Recife (PE)
No Recife, o ato aconteceu na Praça do Arsenal, centro histórico da cidade. Artistas e blocos carnavalescos participaram do ato, como o tradicional Bloco Eu Acho é Pouco, o Bloco Sem Terra e muitos maracatus e afoxés. Mais de dez mil pessoas se uniram para cantar e gritar por Lula Livre.

Blocos de Carnaval animaram a manifestação em Recife. Foto: Denilson Cadête

Ao todo foram cerca de dez blocos de carnaval, fizeram o "Blocão da Democracia". Um palco foi montado onde diversos artistas locais, como Flaira Ferro, fizeram da noite um espaço cheio de irreverência e com muito frevo. Um samba pela democracia trouxe diversos sambistas ao palco. Poetistas e poetas também marcaram presença, assim como Fred 04, do Mundo Livre S.A. 

Rio de Janeiro (RJ)
Na tarde deste domingo (7), cerca de duas mil pessoas estiveram reunidas na Praia de Copacabana, na altura do Posto 3, para participar do Festival Democracia e Justiça, principal manifestação organizada pelos cariocas para pedir pela liberdade do ex-presidente Lula.

O festival começou por volta das 15h, com um debate sobre os impactos da reforma da Previdência para os trabalhadores. Em seguida, as falas políticas e apresentações culturais tiveram início no trio elétrico. Um dos discursos marcantes foi feito pelo ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim.

"Um dia de alegria por essa manifestação que sensibiliza e emociona, ao mesmo tempo é um dia de tristeza porque vemos o presidente Lula preso há um ano, privado com o convívio do povo que para ele é o bem mais precioso", disse Amorim.

Entre o público, diversas pessoas vestiam camisetas vermelhas e carregavam cartazes que pediam por sua liberdade, também dançavam ao ritmo de samba, que tocava no trio elétrico.

No Rio de Janeiro, concentração foi na orla da Prais de Copacabana. Foto: reprodução

“Viemos lutar pelo Lula livre porque o pobre só conheceu o que é ser feliz na época do Lula, depois é só sofrimento”, afirmaram a técnica de enfermagem Lilian Andreia e a vigilante Marta Teixeira.

As duas mulheres são netas de Elizabeth e João Pedro Teixeira - lideranças camponesas que lutaram contra a ditadura militar. João Pedro foi morto em 1962 por agentes do regime. Sua história foi tema do filme “Cabra Marcado pela morrer”, dirigido por Eduardo Coutinho. “Nós estamos tentando continuar a luta deles”, acrescentaram as duas.

"Não concordo com essa prisão política do Lula. Tem que se ligar e pressão total para cima desses caras que estão aí, precisamos agir com muita pressão e estratégia", disse o cantor BNegão durante apresentação.

Belo Horizonte (MG)
Em Belo Horizonte, as mobilizações começaram por volta das 9h da manhã na Praça Afonso Arinos, no centro. Pessoas de todas as idades, entre crianças, jovens e idosos, portavam cartazes com mensagens de apoio e força ao petista, além de se posicionarem contra o governo de Jair Bolsonaro (PSL) e pelo fim de pautas que representam retrocessos para a classe trabalhadora, como a reforma da Previdência.

Apresentação do Coral Mil Vozes foi o destaque da manifestação em Belo Horizonte. Foto: Raíssa Lopes 

O momento principal do ato, que foi organizado pelo Coletivo Alvorada, foi a apresentação do Coral Mil Vozes, que pediu por “Lula Livre” e entoou a canção “Anunciação”, de Alceu Valença. O protesto teve, ainda, faixas bordadas pelas mulheres do grupo Linhas do Horizonte.

Curitiba (PR)
Em Curitiba, as atividades começaram por volta das 8 da manhã com uma marcha que saiu do Terminal Boa Vista e prosseguiu até a Vigília Lula Livre, no Bairro Santa Cândida, em frente à Superintendência da Polícia Federal, onde Lula é mantido preso.

O ato contou com a presença de parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT), Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Partido Comunista do Brasil (PCdoB), dirigentes de movimentos populares e entidades sindicais, além de artistas, como as atrizes Lucélia Santos, Guta Stresser e o ator Gregório Duvivier. Segundo estimativa dos manifestantes, cerca de 10 mil pessoas participaram das manifestações.

Caetés (PE)
Mais de 500 pessoas participam do ato Vigília Lula Livre na cidade de Caetés, no agreste pernambucano. A atividade começou com a chegada de uma carreata vindo da cidade vizinha, Garanhuns, com mais de 30 carros desfilando entres as cidades com músicas, bandeiras e gritos pela liberdade do ex-presidente Lula.

Carreata marcou manifestação em Caetés. Foto: Rani de Mendonça

Apoiadores do petista se reuniram em frente à Escola Severino Girino, na entrada de Caetés. Começaram com um café da manhã como forma de lembrar que Lula foi o responsável pela retirada do país do mapa de fome. "Que esse café da manhã nos lembre e nos dê energia para lutar por quem nos deu comida, literalmente. Que a gente lembre do tempo que tínhamos comida na mesa dos brasileiros. Agora estamos vendo a volta da fome não só aqui", ressalta Vado Pontes, morador de Garanhuns.

Pelo mundo
Diversas capitais da Europa também contaram com manifestações em favor da liberdade do ex-presidente Lula. Na França, os manifestantes se reuniram na Esplanada do Trocadéro, em Paris. O ato contou com a participação de Jean-luc Mélenchon, líder do partido de esquerda França Insubmissa, e com a filósofa Marcia Tiburi, que decidiu deixar o Brasil no em março deste ano após receber uma série de ameaças.

Em Londres, no Reino Unido, os manifestantes percorreram pontos da cidade com um ônibus levando cartazes escritos “Lula Livre”. O ato contou com a presença da ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome durante o governo de Dilma Rousseff, Tereza Campello.

Em Viena, Na Áustria, um ato foi realizado na Praça de Santo Estevão, no centro da cidade. Durante a manifestação, também foi lembrado o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco.

Na Alemanha, os manifestantes se concentraram na praça Hermannplatz, onde estenderam faixas pedindo a liberdade de Lula. Um levantamento feito pelos participantes apontou que 100 pessoas participaram do ato.

Em Portugal os protestos ocorreram na capital Lisboa, onde artistas se apresentaram e discursaram em favor da soltura de Lula.

Ato em Lisboa pede liberdade de Lula. Foto: reprodução

Na Espanha, os manifestantes se reuniram no Parque de la Ciudadela, em Barcelona. Os participantes caminharam pela cidade denunciando o caráter político da prisão do ex-presidente.

Segundo informações do site Opera Mundi, atos também aconteceram em Madri, Bruxelas, Bonn, Coimbra, Amsterdã, Bolonha, Copenhague, Munique, Frankfurt, Hamburgo, Colônia, Manchester, Tübingen e Aarhus.

Também houve atos fora da Europa, como nas cidades de Montevidéu, Buenos Aires, Nova York, Los Angeles, Boston, Cidade do México, Sydney, Melbourne e Saint-Louis. Na África do Sul, a mobilização se deu em Joanesburgo.  



* Colaboraram Clívia Mesquita, Igor Carvalho, Leonardo Fernandes, Mariana Pitasse, Daniel Giovanaz, Rani de Mendonça, Raíssa Lopes e Tiago Angelo.

Edição: Pedro Ribeiro Nogueira

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