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Reunião ministerial: palavrões, ameaças e desprezo pela República

Encontro de 22 de abril revelou obsessão de Bolsonaro em usar órgãos federais para proteger sua família; ministros e presidente abusaram de termos chulos. 

Com informações da RBA 
22/05/2020

No vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, liberado pelo ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), nesta sexta-feira (22), o presidente Jair Bolsonaro e alguns de seus ministros reafirmaram o ideário ultraliberal, teorias da conspiração e apreço pelo autoritarismo. 

Reunião de Bolsonaro com ministros e presidentes de bancos públicos, em 22/4/2020.
Foto: Marcos Corrêa/PR/Fotos Públicas

Mas não apenas isso. O vídeo revela desprezo absoluto pelas instituições e pela República, traduzido por uma série de xingamentos e vocabulário chulo contra figuras públicas, além de exortações a armas e à ditadura. 

“E eu não vou meter o rabo no meio das pernas”, disse Bolsonaro, sobre o STF. “É escancarar a questão do armamento aqui, quero todo mundo armado, povo armado jamais será escravizado”, filosofou ainda o chefe de Estado brasileiro. 

“Que os caras querem é a nossa hemorroida! É a nossa liberdade! Isso é uma verdade. O que esses caras fizeram com o vírus, esse bosta desse governador de São Paulo (João Doria), esse estrume do Rio de Janeiro (Wilson Witzel), é exatamente isso”, discorreu o presidente sobre ex-aliados, a respeito da política com que tentam combater a expansão da Covid-19, que matou já 21.048 pessoas e contaminou mais de 300 mil pessoas no país. 

“Tem que vender essa porra logo”

Na área econômica, também em tom chulo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu a privatização do Banco do Brasil: “Tem que vender essa porra logo”, afirmou Guedes, discípulo da ditadura de Augusto Pinochet, do Chile, e dos chamados Chicago Boys, que formularam a política econômica daquele regime. 

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, manifestou seu projeto para uma área hoje considerada estratégica por todos os governos importantes do mundo. É preciso “aproveitar a pandemia para ir passando a boiada”, afirmou, na defesa da destruição da Amazônia. 

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, pasta considerada estratégica pelas nações que hoje estão na vanguarda científica, disse que “Brasília é um cancro” e que, por ele, “botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando pelo STF”. 

Interferência na PF

Em relação a um dos temas em que juristas consideram que o chefe do governo brasileiro incorreu concretamente em crime de responsabilidade, o controle da Polícia Federal para defender sua família e amigos, diz o presidente: “Eu não vou esperar fuder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meus, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar!” 

“Prisão de governadores e prefeitos”

Sua ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, expôs seus conceitos sobre federalismo. “A pandemia vai passar, mas governadores e prefeitos responderão processos. E nós vamos pedir inclusive a prisão de governadores e prefeitos. E nós tamo (sic) subindo o tom e discursos tão chegando. Nosso ministério vai começar a pegar pesado com governadores e prefeitos”, prometeu a ministra. 

Imprensa

Num dado momento da reunião, Bolsonaro pediu para os ministros ignorarem a imprensa e chamou jornalistas de “pulhas”. Já o presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, afirmou que a Band “pediu dinheiro” para o governo. 

“Hoje de manhã, o pessoal da Band queria dinheiro. O ponto é o seguinte, vai dar dinheiro para a Bandeirantes ou não vai dar dinheiro para a Bandeirantes? Passei meia hora levando porrada, mas repliquei". Em seguida, o presidente da Caixa disse que tem "mais de 30 mil funcionários na rua" e que a emissora estaria com os funcionários "nessa frescurada de home office". 

Ao vivo, no Brasil Urgente desta sexta-feira, o apresentador da TV Bandeirantes, José Luiz Datena, se mostrou surpreso com a atitude de Guimarães, a quem fez críticas. Datena também se mostrou indignado com Bolsonaro e disse nunca mais vai entrevistar o presidente. 

Decano                                                     

Mais antigo ministro do STF, Celso de Mello será o primeiro magistrado a deixar a corte durante o mandato de Bolsonaro. Em novembro deste ano, ele será aposentado compulsoriamente por atingir a idade limite para compor a Corte - 75 anos. 

Confira a reunião na íntegra:

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