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Bolsonaro confessa incompetência: “Brasil está quebrado, não consigo fazer nada”

Inerte e negacionista, presidente culpa pandemia e imprensa pela situação; após o desabafo, internautas sugerem renúncia.

Por Crítica21
05/01/2021

O Brasil tem cerca de 7,7 milhões de infectados por Covid-19 e quase 200 mil mortes pela doença. Tem recordes de desmatamento, escândalos de corrupção, aumento da extrema pobreza e do desemprego. E tem um presidente, recém-eleito corrupto do ano, que nesta terça-feira (5) confessou sua incompetência. 

Fala do presidente estimulou a hashtag #RenunciaBolsonaro. Foto: Alan dos Santos/PR
Respondendo a um apoiador na frente do Palácio do Alvorada, Bolsonaro disse: "Chefe, o Brasil está quebrado, e eu não consigo fazer nada. Eu queria mexer na tabela do Imposto de Renda, teve esse vírus, potencializado por essa mídia que nós temos. Essa mídia sem caráter.” Após o desabafo, a hashtag #RenunciaBolsonaro ficou entre os assuntos mais comentados do dia no Twitter. 

Bolsonaro completou dois anos de governo e, nesse período, o país retrocedeu em diversas áreas, mesmo antes da pandemia. Os escândalos de corrupção do seu governo, como interferências indevidas na Polícia Federal e na Receita Federal e as facilidades para a atuação do crime organizado, além das denúncias contra seus filhos, fizeram de Bolsonaro a personalidade do ano em corrupção, conforme a Organized Crime and Corruption Reporting Project. 

Bolsonaro encerrou o ano eleito o corrupto do ano, segundo consórcio de mídia. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

Extrema pobreza

Na área social, os retrocessos são também observados. Segundo reportagem da Folha de São Paulo, sob o governo de Jair Bolsonaro 1,3 milhão de famílias foram alçadas à extrema pobreza e o país ultrapassou a marca de 14 milhões – o maior número desde o ano de 2014. Segundo dados do Ministério da Cidadania, quase 40 milhões de pessoas no país estão na miséria. O drama aumenta quando vemos a taxa de desemprego: o país atingiu a taxa recorde de 14,6%, conforme dados divulgados em novembro de 2020, o que representa mais de 14 milhões de pessoas desocupadas, sem contar os desalentados (5,9 milhões) e os subutilizados (33,2 milhões). 

Passando a ‘boiada’

No meio ambiente, o desmatamento e a liberação de centenas de agrotóxicos deram o ritmo da “boiada” sugerida pelo ministro da pasta, Ricardo Salles. Até agosto de 2020, o governo Bolsonaro já havia liberado 745 novos agrotóxicos, alguns deles proibidos na Europa. Dados divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) no início de 2020 mostraram que o desmatamento na Amazônia cresceu 85,3% em 2019 em comparação com 2018. O mesmo instituto divulgou recentemente que o Brasil fechou 2020 com o maior número de queimadas desde 2010. No total, foram 222.798 focos de incêndio registrados, 12% a mais que em 2019. 

Antivacina

Na saúde, o governo enfraqueceu programas como prevenção e tratamento de DSTs/Aids e tem estimulado o movimento antivacina no país, o que tende a fazer com que o novo coronavírus se espalhe ainda mais. Bolsonaro tem atuado de forma clara para retardar a compra de vacina contra a Covid-19 e tem criado empecilhos para que governadores procedam com a aquisição, como no caso da disputa com o governador de São Paulo, João Dória. 

Esse espírito negacionista e anticiência de Bolsonaro pode, também, estimular o ressurgimento de outras doenças para as quais já há imunizantes, como o sarampo, a poliomielite e a rubéola. Reflexo disso foi que já no primeiro ano do governo Bolsonaro o país teve 13,4 mil casos de sarampo, até 13 de dezembro. Esse número foi o maior registrado desde 1997, quando houve uma epidemia com 53,6 mil casos. Para efeito de comparação, entre 2001 e 2012 a doença se estabilizou em menos de 70 casos por ano.

Edição: Anderson Augusto de Zottis

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