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‘Brasil é chefiado por um presidente genocida’, afirma Lula ao Le Monde

Ex-presidente apelou para que líderes internacionais se reúnam para discutir a liberação de vacinas para o mundo todo. 

Foto: Ricardo Stuckert/montagem: RBA

Por RBA
19/03/2021 

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou nesta sexta-feira (19), em entrevista ao jornal francês Le Monde, que o Brasil é governado atualmente por um “presidente genocida”. Ele destacou o discurso negacionista empregado por Jair Bolsonaro desde o início da pandemia, combatendo o uso de máscaras e o isolamento social, e apostando em medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19. Além disso, Lula também comparou a pandemia a uma “Terceira Guerra Mundial” e pediu união dos líderes internacionais no combate à doença. 

“Comecei na política nos anos 1970 e nunca vi meu povo sofrer como hoje. Pessoas morrendo nos portões dos hospitais, a fome voltou. E, diante disso, temos um presidente que prefere comprar armas de fogo ao invés de livros e vacinas. O Brasil é chefiado por um presidente genocida. É realmente muito triste”, afirmou o ex-presidente.  

Lula afirmou que um presidente que “tivesse a noção do que significa governar” teria criado um comitê de crise para o enfrentamento da pandemia. No entanto, Bolsonaro preferiu comprar milhões de doses de cloroquina. 

“O que nosso governo fez? A primeira coisa que disse foi que não acreditava na doença. Bolsonaro disse que era uma ‘gripezinha’ e que, sendo militar, não pegaria. Ele inventou a história da cloroquina. Ele comprou milhões de doses de Donald Trump”, criticou. 

Lula disse, ademais, que Bolsonaro é “ignorante”. “Hoje, ele continua a dizer que usar máscara é um sinal de covardia e covardia. Bolsonaro é tão ignorante! Ele acredita que, ao se recusar a admitir a gravidade da pandemia, a economia vai se recuperar novamente. A única cura é vacinar o povo brasileiro”, afirmou disse o ex-presidente. 

Na capa do site do periódico francês, Lula foi destaque na parte superior. Foto: reprodução

Apelo internacional

Lula ressaltou que, desde o início da pandemia, os líderes mundiais não se reuniram para discutir o enfrentamento da doença. Para ele, a prioridade é discutir a liberação de vacinas para todo o mundo. “Apelo ao presidente Emmanuel Macron: chame o G20. Ligue para Joe Biden, Xi Jinping, Vladimir Putin e o resto. Estamos em guerra, é a Terceira Guerra Mundial e o inimigo é muito perigoso! A vacina não deveria ser um produto de mercado como é hoje, mas se tornar um bem comum da humanidade”. 

Ele já havia feito esta mesma exortação, direcionada ao presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, em entrevista à CNN norte-americana. 

Eleições

Sobre a continuidade dos processos da Lava Jato, que tiveram suas condenações anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente afirmou que está “muito confiante” e “tranquilo”. Além disso, apontou que o ex-juiz Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol “são culpados” e “sabem” que ele é inocente. “Eu dizia isso na prisão: a verdade vai vencer e está vencendo.” 

Por outro lado, mesmo diante dessa decisão que restituiu seus direitos políticos, Lula disse que é difícil dar uma resposta simples sobre se será candidato contra Bolsonaro nas eleições de 2022.

“Sinceramente, não sei! Eu tenho 75 anos. Em 2022, na época das eleições, terei 77. Se eu ainda estiver em grande forma, e for estabelecido um consenso entre os partidos progressistas deste país para que eu seja candidato, bem, não verei nenhum problema para estar. Mas já fui candidato, já fui presidente e cumpri dois mandatos. Também posso apoiar alguém em boa posição para vencer. O mais importante é não deixar Jair Bolsonaro governar mais este país.” 

Capa da edição impressa do Le Monde - 19 de março de 2021. Foto: reprodução


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