MST: importância histórica e a luta contra as fake news
Além de lutar pela reforma agrária, o movimento desempenha um papel significativo na produção de alimentos orgânicos.
IV Feira Nacional da Reforma Agrária. Foto: Sofia Soisbelo/MST |
Nos últimos anos, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem sido alvo de inúmeras críticas e acusações infundadas. No entanto, é essencial reconhecer a importância histórica do MST para o Brasil e desmistificar as fake news que circulam a respeito do movimento. Além disso, é crucial destacar as contribuições significativas do MST na produção de alimentos orgânicos, promovendo a agroecologia e a sustentabilidade no campo.
Desde sua fundação, em 1984, o MST tem sido uma voz ativa na luta pela reforma agrária e pela melhoria das condições de vida no campo. A concentração fundiária no Brasil é um problema estrutural que resulta em desigualdade, pobreza e falta de acesso à terra para milhões de famílias rurais. O MST surge como uma resposta a essa realidade, buscando a redistribuição de terras e a garantia de condições dignas de trabalho para os agricultores familiares.
O MST atua através de ocupações de terras, direcionando suas ações principalmente a propriedades improdutivas, que não cumprem sua função social. No entanto, é importante desmistificar a ideia de que o movimento invade terras produtivas. A ocupação é uma forma de chamar a atenção para a desigualdade fundiária e pressionar o Estado a cumprir seu papel na implementação da reforma agrária.
O MST é sistematicamente alvo de diversas fake news que buscam difamar e deslegitimar suas ações. Uma das acusações mais recorrentes é a de que o movimento promove a violência. No entanto, o MST é uma organização de caráter pacífico, que busca o diálogo e a negociação como forma de avançar em suas reivindicações. As ocupações são um último recurso, utilizado quando todas as outras formas de pressão e negociação falharam.
Outra fake news comum é a de que o MST destrói propriedades e prejudica a produção agrícola. No entanto, é importante destacar que as ações do movimento são direcionadas a propriedades improdutivas, que não cumprem sua função social. O MST busca promover uma agricultura mais justa e sustentável, valorizando a agroecologia e a preservação do meio ambiente.
Além de sua luta pela reforma agrária, o MST desempenha um papel significativo na produção de alimentos orgânicos. Por meio de assentamentos, cooperativas e projetos de agricultura familiar, o movimento tem se destacado na promoção da agroecologia. Os assentamentos do MST são exemplos de sistemas agrícolas sustentáveis, nos quais são adotadas práticas que respeitam o meio ambiente, não utilizam agrotóxicos e valorizam a diversidade de culturas.
Arroz produzido em assentamento do MST exposto na IV Feira Nacional da Reforma Agrária. Foto: Lua Carvalho/MST |
Dados recentes revelam que os assentamentos do MST têm se tornado importantes produtores de alimentos orgânicos no Brasil. De acordo com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), em 2021, cerca de 70% dos alimentos produzidos nos assentamentos do MST são orgânicos. Essa é uma conquista significativa, considerando o papel fundamental da agroecologia na preservação do meio ambiente e na promoção da saúde dos consumidores.
Os assentamentos do MST são exemplos de como é possível conciliar a produção de alimentos saudáveis com a preservação dos recursos naturais. Ao adotar técnicas agroecológicas, como o manejo sustentável do solo, o uso de biofertilizantes e a diversificação de culturas, o MST contribui para a redução do uso de agrotóxicos e a promoção da biodiversidade. Além disso, o movimento promove a comercialização de produtos orgânicos, estabelecendo parcerias com mercados locais, feiras agroecológicas e programas de alimentação escolar. Essas iniciativas fortalecem a economia local, geram empregos e garantem o acesso a alimentos saudáveis para a população.
*Adriano Nascimento é gestor público e especialista em Gestão de Cidades e Planejamento Urbano
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