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Atos pela democracia unem torcidas rivais contra fascismo de Bolsonaro

Em sete capitais, torcedores de clubes de futebol rivais participaram de atos antifascistas; em São Paulo e Rio de Janeiro houve repressão policial.

Por Crítica21 
31/05/2020 
 

Protestos de torcidas organizadas em pelo menos sete estados ofuscaram as manifestações fascistas de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, neste domingo (31). O maior ato foi registrado em São Paulo, na Avenida Paulista, onde torcedores do Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo se uniram em manifestação a favor da democracia e contra o presidente da República. Também ocorreram protestos antifascistas no Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba, Vitória e Salvador. 

Em SP, manifestantes antifascistas caminharam pela Paulista e ocuparam o vão livre do Masp.
Foto: Pam Santos/Fotos Públicas

Em São Paulo, a Avenida Paulista tem recebido apoiadores de Bolsonaro aos domingos. Os manifestantes pedem o fim do isolamento social, protestam contra o governador João Doria e o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, pedem intervenção militar e o fechamento do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Congresso. 

Em resposta a esses atos de perfil fascista, os manifestantes pela democracia começaram a chegar à Paulista por volta do meio-dia e, às 13h, centenas de pessoas já bloqueavam a via no sentido Consolação. Diferentemente de como atua em atos da direita e extrema direita, a Polícia Militar esteve presente em grande número, com revistas e abordagens intimidatórias. 

Além dos quatro principais clubes de futebol de São Paulo, participaram do ato torcedores do Flamengo, Fluminense, Vasco, Juventus, Ponte Preta e até de times da várzea paulistana. Eles caminharam em passeata aos gritos de “Democracia” e “Fora, fascistas” até chegarem ao vão livre do Masp. O ato pró-Bolsonaro, inicialmente previsto para o local, foi deslocado para o outro lado da avenida. 

O ex-jogador Sócrates e a "Democracia Corinthiana" foram lembrados no ato.
Foto: Pam Santos/Fotos Públicas

Segundo Sheila de Carvalho, advogada que acompanhou a manifestação, o ato iniciou pacífico. Ela explicou que duas mulheres bolsonaristas entraram em meio à multidão das torcidas organizadas e proferiram palavras contra o ato. Integrantes das torcidas organizadas reagiram e, nesse momento, a polícia tomou a iniciativa de atirar bombas de efeito moral e gás lacrimogênio. 

Além disso, a PM escoltou uma manifestante bolsonarista que fazia gestos obscenos contra manifestantes antifascistas e portava um taco de beisebol. "Duas mulheres se infiltraram e provocaram o movimento das torcidas organizadas, a PM conseguiu retirá-las. Mas além disso, a polícia realizou a escolta de uma manifestante pró-Bolsonaro, e foi aí que começaram os conflitos", afirmou Sheila. 

Esses episódios motivaram a repressão policial contra as torcidas organizadas que se muniram de pedaços de pau e pedras encontradas na rua. Foram aproximadamente 30 minutos de combate mais intenso. Houve uma dispersão do grupo pró-democracia, mas os manifestantes se mantiveram ocupando a rua e criaram uma barreira de proteção com objetivos encontrados na rua. 

Questionada pelo Brasil de Fato sobre o que levou a PM a atirar bombas contra os manifestantes, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) respondeu que "durante os trabalhos, houve briga generalizada e a PM atuou para impedir o conflito entre os grupos antagonistas". 

A SSP informou que cinco pessoas foram detidas e não disse qual é a situação nem o nome das pessoas. Um homem, de 43 anos, foi agredido pelos investigados e socorrido à Santa Casa. 

Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, um ato antifascista e antirracista convocado por torcidas organizadas de clubes cariocas e pelo movimento negro também terminou com repressão policial em frente ao Palácio da Guanabara. Na orla de Copacabana, torcedores do Flamengo e do Fluminense fizeram um protesto pacífico durante a manhã quando encontraram membros de uma manifestação a favor de Bolsonaro. 

A polícia utilizou spray de pimenta para dispersar os torcedores antifascistas. Depois, um outro grupo, que protestava contra o racismo, entrou em confronto físico com bolsonaristas em Copacabana. Os defensores do governo entoavam gritos que questionavam a gravidade da pandemia e o associavam a uma ditadura comunista. 

Porto Alegre

Pelo terceiro domingo consecutivo, o Centro Histórico de Porto Alegre foi palco de manifestações em defesa da democracia, contra o fascismo e o governo de Bolsonaro. Os atos vêm ocorrendo perto do Comando Militar do Sul, onde apoiadores de Bolsonaro se habituaram a defender golpe militar no país. A Brigada Militar cercou a área com grades neste domingo, e os manifestantes antifascistas e o grupo pró-Bolsonaro ficaram separados por mais de uma quadra. 

Porto Alegre teve terceiro domingo seguido de protestos antifascistas. Foto: Luiza Castro/Sul21

Participaram do ato antifascista integrantes de coletivos sociais e políticos, de torcidas organizadas do Grêmio e do Internacional, estudantes e pessoas sem vínculo com nenhuma organização. 

Curitiba, BH, Vitória e Salvador

Por volta das 14h, torcedores organizados e membros de partidos de esquerda fizeram um bloqueio no Centro Cívico de Curitiba, Paraná, e interromperam uma carreata pró-Bolsonaro que passava pela capital. Segundo o Diário da Causa Operária, organizadas antifascistas do Athlético, Coritiba e Paraná Clube estiveram presentes. 

Antifascistas em Curitiba. Foto: Diário da Causa Operária 

Em Belo Horizonte, Minas Gerais, manifestantes também foram às ruas a favor da democracia e contra o governo Bolsonaro. Na ocasião, torcidas organizadas do Atlético Mineiro conseguiram parar uma carreata organizada por bolsonaristas. 

Em Vitória, Espírito Santo, os protestos antifascistas se concentraram na Praça do Papa, em frente à sede da Assembleia Legislativa. O ato se contrapôs a uma manifestação bolsonarista que acontecia no mesmo local.  

Já em Salvador, Bahia, um grupo de torcedores antifascistas do Vitória também se reuniu no centro da capital contra o presidente Jair Bolsonaro, conforme divulgado pela página Torcidas Antifas Br. 

Brasília

Jair Bolsonaro voltou a prestigiar manifestações antidemocráticas em Brasília. Ele sobrevoou de helicóptero a Esplanada dos Ministérios e, depois, andou de cavalo e cumprimentou manifestantes. No ato, foram exibidas faixas contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional. 

Pelo Twitter, o Bolsonaro publicou um print de uma mensagem de Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, em que o estadunidense diz que classificará "Antifa" como organização terrorista. Antifa é uma abreviação de antifascista. O termo refere-se a grupos que lutam contra o fascismo no mundo. Trump enfrenta uma série de protestos contra o racismo e o genocídio da população negra, após o assassinato de George Floyd por policiais. 

Edição: Anderson Augusto de Zottis Soares - Crítica21

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