Lula cobra responsabilidade de países ricos na questão climática
Presidente fez discurso em segunda sessão da cúpula do G7.
Sessão de trabalho do G7 e países convidados, em Hiroshima. Foto: G7 Hiroshima Summit/via Fotos Públicas |
Por Vitor Abdala - Agência Brasil
20/05/2023
Em seu discurso na
segunda sessão da cúpula do G7, neste sábado (20), em Hiroshima, no Japão,
o presidente da República, Luiz Inácio da Lula da Silva, cobrou
responsabilidade dos países ricos para enfrentar os desafios das mudanças
climáticas. Segundo ele, é preciso, por exemplo, que essas nações cumpram
promessa de alocarem US$ 100 bilhões, por ano, em ações climáticas.
“Não há dúvidas que
precisamos ampliar nossos esforços de mitigação, em especial os países que
historicamente mais emitiram gases de efeito estufa, mas não podemos perder de
vista a demanda crescente por adaptação e perdas e danos. E é por isso que
insistimos tanto que os países ricos cumpram a promessa de alocarem 100 bilhões
de dólares ao ano à ação climática. Outros esforços serão bem-vindos, mas não
substituem o que foi acordado na COP de Copenhague”, disse Lula.
O presidente
brasileiro destacou que é necessário que o mundo pense, junto, sobre uma
transição ecológica e justa, com industrialização verde, geração de empregos
dignos e combate à pobreza, à fome e à desigualdade.
“De nada adianta os
países e regiões ricos avançarem na implementação de planos sofisticados de
transição se o resto do mundo ficar para trás ou, pior ainda, for prejudicado
pelo processo. Os países em desenvolvimento continuarão precisando de
financiamento, tecnologia e apoio técnico para transformarem suas economias,
combater a mudança do clima, preservar a biodiversidade e lutar contra a
desertificação”.
Ele cobrou ainda a
valorização das convenções internacionais sobre meio ambiente que discutem
e resultam em acordos através de “amplo diálogo com a sociedade civil”.
“Estamos próximos de
um ponto irreversível”, afirmou. “Não estamos atuando com a rapidez necessária
para conter o aumento da temperatura global, como pactuamos no Acordo de Paris.
Mas essa é uma crise que não afeta a todos da mesma forma, nem no mesmo grau,
nem no mesmo ritmo. Mais de 3 bilhões de pessoas já são diretamente atingidas
pela mudança do clima, em especial em países de renda média e baixa. E, da
forma que caminhamos, esse número seguirá aumentando”.
Brasil
Lula aproveitou o
discurso para mencionar a matriz energética brasileira, que, segundo ele, é uma
das mais limpas do mundo, com potencial para produzir energia solar, eólica,
biomassa, etanol, biodiesel e hidrogênio verde.
“Temos consciência de
que a Amazônia protegida é parte da solução. É por isso que estamos organizando
em agosto deste ano, em Belém, uma cúpula de países amazônicos. E é por isso
que o Brasil teve sua candidatura à sede da COP30 do clima aprovada após
decisão unânime do Grupo Latino-Americano e Caribenho. Seguiremos abertos à
cooperação internacional para a preservação dos nossos biomas, seja em forma de
investimento ou colaboração em pesquisa científica”.
O presidente
agradeceu aportes anunciados recentemente ao Fundo Amazônia e afirmou que os
indígenas serão os protagonistas da preservação do bioma. “O Brasil será
implacável em seu combate aos crimes ambientais. Queremos liderar o processo
que permitirá salvar o planeta. Vamos cumprir nossos compromissos de zerar o
desmatamento até 2030 e alcançar as metas voluntariamente assumidas no Acordo
de Paris.”
França
A preservação da
Amazônia foi um dos assuntos tratados em reunião com o presidente francês
Emmanuel Macron, também neste sábado. O bioma é compartilhado pelos dois
países, já que a Guiana Francesa, que tem uma fronteira de 730 quilômetros com
o estado do Amapá, integra o território da França.
Em suas redes
sociais, Lula disse que também conversou com Macron sobre soluções para a paz
na Ucrânia, que teve seu território invadido pela Rússia no início de 2022.
“Reencontro com o
presidente da França, Emmanuel Macron, no G7. Falamos sobre a preservação da
Amazônia e caminhos para a construção da paz na Ucrânia. Estamos retomando a
amizade e a parceria entre nossos países, podemos fazer muitas coisas juntos”,
escreveu Lula na postagem que inclui uma foto dos dois chefes de governo se
cumprimentando.
Lula com o presidente da França, Emmanuel Macron, durante a cúpula do G7. Foto: Ricardo Stuckert/PR |
Neste sábado, Macron também se reuniu no G7 com o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky. “Um avião com as cores da República Francesa chegou em Hiroshima. A delegação ucraniana estava a bordo. Eles chegaram ao G7 para trabalhar conosco e com nossos parceiros. Pela vitória da Ucrânia. Pela volta da paz à Europa”, escreveu Macron em seu perfil no Twitter neste sábado, junto com um vídeo em que os dois líderes europeus aparecem conversando.
Lula também se reuniu
neste sábado com o primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, e com a
diretora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva.
Edição: Fernando Fraga – Agência Brasil
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