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O racismo de todos os dias

É imprescindível que a sociedade esteja engajada na pauta antirracista e atenta também aos casos que não ganham notoriedade.

Foto: Elineudo Meira/@fotografia.75/via Fotos Públicas

Por Adriano Nascimento*
25/05/2023

 

Os ataques racistas contra o jogador de futebol Vini Júnior, que atua pelo Real Madrid da Espanha, geraram revolta e ganharam as primeiras páginas de jornais do mundo inteiro. Atletas das mais variadas nacionalidades e modalidades, artistas e políticos entoaram o coro da solidariedade ao craque brasileiro e do repúdio ao racismo, cobrando posicionamento contundente das autoridades espanholas e da La Liga, entidade responsável pelo principal campeonato da Espanha.

 

O jogador tem sido alvo constante dos racistas, não apenas durante as partidas, mas também em espaços públicos, chegando haver há algumas semanas uma manifestação sórdida contra o jogador, na qual um boneco foi pendurado simulando um enforcamento e uma faixa foi colocada em uma ponte com os dizeres “Madri odeia o Real”.


O sentimento de indignação gerado por tamanhas atrocidades causa revolta e nos faz refletir sobre a urgente necessidade de avançarmos em ações que promovam práticas e posturas antirracista.  Para isso é importante termos a consciência de que este caso em específico, por se tratar de um astro do futebol internacional, ganhou a notoriedade necessária. No entanto, trabalhadoras e trabalhadores de pele escura sofrem diariamente, sem ter voz, em uma sociedade estruturalmente constituída em alicerces racistas.

 

É imprescindível que a sociedade esteja engajada na pauta antirracista e atenta aos casos que não ganham notoriedade. É necessário que sejamos conscientes da existência do racismo estrutural e que ele se manifesta, também, em momentos de desatenção, como por exemplo, quando ocorre através de “piadinhas sem maldade”, como uma de suas formas mais violentas de discriminação racial velada.

 

Diante de “tantos casos isolados”, que possamos potencializar as vozes daqueles que denunciam e lutam contra o racismo. É necessário sermos intransigentes nessa pauta. Racistas não passarão!

 

*Adriano Nascimento é gestor público, especialista em Gestão de Cidades e Planejamento Urbano e um homem preto

  

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