População se mobiliza contra Reforma da Previdência
Em
capitais e cidades do interior, milhares de pessoas foram às ruas contra proposta
do governo Bolsonaro.
Por Brasil de Fato
23/03/2019
Em São Paulo, cerca de 60 mil pessoas se reuniram na Avenida Paulista em defesa da Previdência. Foto: José Eduardo Bernardes |
No Dia Nacional de Luta em Defesa da Previdência, manifestações ao redor do país reuniram milhares de pessoas durante toda a sexta-feira
(22). Os atos foram organizados por dez centrais sindicais e
pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e são uma resposta à Proposta
de Emenda Constitucional (PEC) nº 6/2019, enviada em janeiro ao Congresso
Nacional pelo governo Jair Bolsonaro (PSL). Sindicalistas e ativistas
querem barrar o avanço da PEC e criar força social para uma greve geral
nos próximos meses.
No
Rio de Janeiro (RJ), o ato reuniu cerca de 30 mil pessoas na região da Candelária, centro da cidade. A professora Sarah Ragaglia, 41, foi na
manifestação com a filha Atena, de 1 ano. Ela considera a PEC uma
"covardia", principalmente, para nova geração que vai ter que
começar a trabalhar cada vez mais cedo em prejuízo dos
estudos. "A tendência é a gente fazer com que os jovens
ingressem cada vez mais cedo no mercado de trabalho, sem estimular uma formação
mais especializada, sem estimular o estudo", lamentou.
Gabriella Sena, 22, é estudante do sexto
período de enfermagem e também foi ao protesto. Ela lembrou
que a proposta do governo prejudica ainda mais as mulheres. Como
o curso de enfermagem é majoritariamente feminino, caso a proposta do governo
seja aprovada, o impacto na área será ainda maior. "Lutar contra a reforma
da previdência é lutar a por todos os direitos e também pela saúde",
explicou a estudante.
Um
relatório do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos
Socioeconômicos (Dieese) mostra que a desigualdade que mulheres enfrentam no mercado de trabalho deve ser analisada junto com a reforma. Mulheres
ganham menos que homens, são a maioria dos desempregados, trabalham sem
carteira assinada, e além disso trabalham mais horas por semana.
Em São Paulo (SP), cerca de 60 mil pessoas estiveram
presentes no ato na Avenida Paulista. Lucas Arcanho é professor da
rede estadual. Para ele, a população está pagando por algo que não deveria.
"Nós não temos que pagar a conta. Nós vimos que muitas empresas foram
perdoadas de suas dívidas com a previdência. Nós acreditamos que as
empresas deveriam pagar as suas contas e não cobrá-las do povo, mas
essa política liberal tende a massacrar o povo e fazer que o povo pague a conta
do estado", protestou.
Francisco Leite Duarte tem 72 anos e já é aposentado.
Mesmo assim, esteve presente no protesto porque acredita que, além dos prejuízos
pra nova geração, a reforma pode impactar o reajuste no valor que ele já
recebe. "Eu estou na luta, brigando pra mim, pelos meus filhos e
pelo meu neto. É uma luta contínua. E eu vou lutar, enquanto eu puder
lutar, eu vou estar lutando".
Maria Zilda é auxiliar de serviços gerais e tem 58 anos.
Ela afirma que, com a nova idade proposta para aposentadoria, muita gente
não chegue a se aposentar. Apesar disso, está otimista e acredita na
possibilidade de os protestos barrarem a implementação da
PEC. "Todo mundo unido temos [chance] sim, agora um sozinho não, mas
todo mundo unido com certeza teremos", reforçou.
Em Florianópolis (SC), em ato que reuniu
dezenas de pessoas, mesmo debaixo de chuva, Edileuza Fortuna, diretora da
Intersindical da cidade, também está esperançosa. "A gente tá
iniciando uma nova jornada. A gente já derrotou a reforma do Temer e a gente
vai derrubar essa reforma", disse. Ela também aproveitou para
convocar trabalhadores de todo o país a conversarem com suas famílias e
grupos de convívio para falar sobre os problemas da PEC proposta pelo
governo.
Já em Recife (PE), cerca de 10 mil pessoas se reuniram na
tradicional Praça do Derby. Marilourdes Moreira, professora, foi protestar pelo
direito à Previdência Social. Ela estaria próxima de receber a aposentadoria,
mas, com a reforma, teme não conseguir. "Essa proposta não pode
passar da forma que está".
Em Fortaleza (CE), o ato reuniu aproximadamente 30 mil
pessoas.
De
manhã
Vários atos começaram já pela manhã. Em Salvador (BA),
cerca de 10 mil manifestantes saíram em passeata contra a destruição da
previdência brasileira. Em Curitiba (PR), a manifestação começou às 9 horas da
manhã. Já em Goiânia (GO), logo cedo uma carreata ocupou o estacionamento do
Estádio Serra Dourada e seguiu para BR-153.
Além das capitais, centenas de municípios do
interior tiveram atos contra a reforma da Previdência.
Edição: Aline Carrijo – Brasil de Fato
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